quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Surpresa


Finalmente depois de 25 dias 3 horas e 35 minutos, Dra Fernanda entra pelo quarto e diz, Você vai embora! Uma grande surpresa, pois a previsão era para amanhã quinta feira. Um misto de alegria e ao mesmo tempo medo, pelo que como estarei la fora invadiu os meus pensamentos. Segundo ela, vida normal, e será normal mesmo vagarosamente voltarei as minhas atividades e muito agradecido deixo esse complexo. Sou só agradecimento: Desde o pessoal da limpeza, a enfermagem aos médicos, à minha médica Dra. Fernanda Valério, à Instituição do Hospital das Clinicas. Já falei em postagem anterior sobre o atendimento e a preocupação com o paciente. Tive ontem a oportunidade de agradecer em palavras ao Dr. Paulo Marchiori que é o responsável por toda área de Neurologia e seus alunos residentes. Emocionei-me bastante com as minhas palavras, e creio que alguns deles também. A todos: Nutricionistas, Fonoaudiólogas, Fisioterapeutas, Enfermeiros, Pessoal da Limpeza, Voluntários do hospital, Pessoal de exames feitos, Tomografia, Radiologia, Eco cardiograma, Ressonância, Eletroneuro, Pessoal do Laboratório, Aos Médicos Infectologistas, Especialmente ao Pessoal do Hemocentro: Dr. Nelson, Tom. Vanessa, Leila e a todos que lá me receberam com simpatia e competência e principalmente a Dra. Fernanda Valério, O meu MUITO OBRIGADO E QUE DEUS ESTEJA SEMPRE ORIENTANDO VOSSOS CAMINHOS E QUE SEJAM TODOS MUITO FELIZES. To de alta! Uhúúúú!!!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Uma luz no fim do tunel

Os dias passam a ser mais "normais" sem qualquer alteração em meu quadro de saúde. que segue em franca recuperação. O antibiótico (Oxacilina) direto na veia de 4 em 4 horas, tem sido a medicação mais importante que tenho recebido nos últimos dias para acabar definitivamente com o "bichinho" que peguei (estafilococus aureus) Esse "cara" é bem agressivo e segundo o infectologista que me atendeu, me disse que todos nós possuímos essa bactéria na pele, e que quando há um corte ou, no meu caso, a colocação de um cateter, a facilidade para ele agir em nosso corpo aumenta consideravelmente. Para a doença em si da síndrome nada tenho tomado, pois a reconstituição da mielina se dará naturalmente. Segundo Dra. Fernanda, a minha saída do hospital se dará na próxima quinta-feira dia 23/09/2010. Como citei anteriormente o atendimento no hospital tem sido sensacional, mas estar em casa é bem melhor, perto de minhas coisas e de volta a ativa. Pelo menos parcialmente, pois terei que voltar ao ritmo pausadamente. Graças a Deus começo ver uma luz no final desse túnel.

domingo, 19 de setembro de 2010

Acorda Bimbo, Acorda!

O assunto é sério. Desde o inicio de minha doença uma pulga atrás de minha orelha ficou até ontem a noite. Nessa doença (Síndrome de Gillain-Barre), por sua característica, perde-se sensibilidade do corpo. É como se estar anestesiado, ou então como se estivesse com uma luva cirúrgica nas mãos quando se passa sobre o corpo. Muito estranho. Nos pés nas pernas, na barriga e no... Bimbo! Entrei em pânico! Os dias foram passando e o referido, nada... Aí sim, ao invés de uma pulga atrás da orelha, fiquei mesmo foi com um elefante atrás dela! E agora? Olhava pra ele e ele nada de se manifestar. Viajei em meus pensamentos, Como vai ser? Como me explicarei para a minha mulher... Os dias vão passando, e o Bimbo... nada! Nem aquela acordada matinal para o pipi. E o elefante, na orelha! Acendeu o sinal vermelho, e como será? Cheguei a pesquisar sobre alternativas: Prótese peniana, Bombinha... Não me contive e perguntei a Dra. Fernanda e ela me respondeu dizendo que com o tempo tudo voltaria ao normal... Mas quanto tempo? Tentei de tudo, fotos eróticas, pensamentos, enfim tudo, e nada o Bimbo continuava lá quietinho e adormecido. Até que nessa manhã o cara acordou disposto, pronto, batendo no queixo! (menos... bem menos). Não vou dizer que pulei da alegria porque daria muito na vista. O elefante... mandei pro zoológico, e o sorriso, agora mais largo, voltou em meu rosto.

sábado, 18 de setembro de 2010

Manneken Pis

A verdade é que depois de 20 dias internado alijado de minha deliciosa cama, do meu maravilhoso travesseiro, e do meu carinhoso edredom, nessa última noite foi o meu melhor sono. Bem, normalmente já sou bom de cama, é deitar e dormir. Às vezes a minha mulher me faz uma pergunta e nem da tempo de eu responder. Nessa noite foi igual deitei e adormeci profundamente nem reparei a troca de antibiótico às 2 da manhã pela enfermeira, dormi e sonhei. Como a noite estava no quarto do Bruno surfista onde esta também o Rudi, gremista de Santa Maria-RS , conversamos muito sobre mergulho pois o Irmão Gêmeo dele também estava lá, Sonhei com mergulho. Maravilhoso, águas límpidas e quentes, peixes coloridos em minha volta, e no mar, da uma vontade de fazer um pipi. Comigo não foi diferente e soltei a bexiga... No finalzinho da coisa, assustei e acordei, mas, não dava mais tempo, foi tudo pra cama mesmo, que vergonha! Foi tanto que até caiu no chão! No colchão ficou o mapa mundi inteirinho! Dei o famoso "pulo do gato" e corri para o banheiro para tomar um banho. A coisa foi feia! Envergonhado, chamei a enfermagem, que com a simpatia de sempre, imediatamente providenciou o asseio da cama e do quarto. Pois é, quando o braço começa a ficar curto para ler, o numero do RG começa a ficar baixinho, vem esses problemas da idade: Incontinência urinária. Só faltava essa! Tô só o pó!

Fernanda, Dra. Fernanda Valério

Fernanda, Dra. Fernanda Valério minha médica, a que cuidou de mim. Difícil falar de uma pessoa e repentinamente entra em sua vida e se torna a mais importante para a sua sobrevivência. Mas da Fernanda não é bem assim. Em meu primeiro contato, quando estávamos ainda naquela salinha do PS, conversando, dentre as conversas surgiu uma em que falávamos de nossas origens e eu, de pronto disse: A Fernanda tem descendência italiana. Mas como você observou isso, pergunta um deles, ela fala com as mãos, respondo. Todos riram e ela confirmou. Dra. Fernanda, assim a tratarei agora em diante, foi fundamental em minha cura. Pessoa arretada. Não para, lépida, ativa e constantemente no hospital. Certo dia perguntei a ela: Você não dorme, não? Dedicada e comprometida. Com ela não tem erro, se precisar dar uma injeção, ela não tem duvidas e nem chama a enfermagem, vai lá espeta o fulano. Como diria: põe a mão na massa. Não tenho duvidas em relação a sua competência, humanidade e amor pelo que faz.
Gostaria muito de falar mais sobre ela, que espero revê-la totalmente restabelecido, se falar corro o risco de esquecer de alguma coisa. O tempo faz uma coisa boa com a gente: Com um olhar e observando o jeito da pessoa, a gente ja sabe até onde ela vai. E essa "menina" vai longe. Obrigado Dra. Fernanda, te vejo nas estrêlas!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Uma Lição de vida

Acredito que nada na vida da gente acontece por acaso, e de tudo que me aconteceu a experiencia que narrarei a seguir, talvez tenha sido o propósito para estar aqui. Bem, a essa altura a Síndrome de Guillain-Barré já esta controlada e se revertendo, continuo aqui para o tratamento da infecção que me acometeu. Na noite de segunda (13/09) dá entrada no leito ao lado do meu, um menino com paralisia cerebral, junto com sua respectiva família. Esse "menino"  veio ao hospital para tratamento dentário, visto que ele sem anestesia geral não permite. Então, para tanto, dormiu no hospital para o procedimento na manhã do dia seguinte. Eu tinha mesmo que ver essa família. O carinho que eles tratavam esse "menino", era incrível. Tivemos uma noite difícil, pois ele não dormia e as vezes soltava alguns gritos e o pai que ficou com ele a todo momento, passava a mão carinhosamente na cabeça do menino acalentando-o e acalmando-o. Observei-os a noite toda. Pela manhã o pai se desculpava, sem necessidade pois era compreensível a situação. Divaguei em meus pensamentos imaginando: Puxa eu não tive uma noite boa, imagine essa família que com tanto carinho cuida dele, quantas noites boas não deve ter tido nestes últimos 31 anos (idade do "menino"). A Aceitação da família da situação do garoto era total, pois em momento algum eles se queixaram, ao contrario o sorriso sempre presente no rosto do casal. A gente que possui filhos saudáveis certas ocasiões reclama, imagine esse pai e essa mãe que nada reclama. Isso foi lindo, acho que foi para essa experiencia que estou aqui há 16 dias. Chorei.

O anjos caem do céu

No quarto o silencio matinal de uma segunda feira é torturante repentinamente a porta é aberta e jovens lindas, sorridentes felizes invadem o quarto e eu sem saber se estava vivo ou já tinha ido para o céu (se é que mereço...) penso: Abriram as portas do céu e os anjos caíram aqui nesse quarto. Esfreguei os olhos e elas logo se apresentaram: Somos as fisioterapeutas. O sonho acabou e começou a sessão de terror.
Sopra com força Sr. Wagner, força, força, dizia a Fernanda minha fisioterapêuta, com força de passarinho depois da gripe, soprava num aparelho que media até 150 e chegava a 50 (normal 100), "Sopra de novo força, força" insistia ela. Eu já tonto de tanto soprar quase desmaio (rs). Deite-se ordenou, faça o exercíco ponte segure 10 segundos (parecia uma hora), agora esse execício, agora esse outro... meia hora depois estava exausto e suado de tantos exercícios. Olhava para as até então, lindas fisioterapeutas, que agora mais pareciam monstros do apocalipse e o encanto inicial nessa altura, totalmente fragmentado. Volto amanhã, faça os exercícios 3 vezes por dia sentenciou Entrei em pânico.
Juro que amanhã tranco a porta e não as deixo entrar, fecho as portas do ceu!
Brincadeiras a parte de fato para minha reabilitação serão necessários exercícios para foratalecimento dos músclos afetados pela doença, e justo eu que levava uma vida um tanto quanto sedentaria cujo maior exercico que fazia era movimentação de pulso (no acelerador da moto) com esse aviso, me despertou para uma vida menos sedentária.
Na verdade esses anjos me acordaram literalmente.