sábado, 11 de setembro de 2010

Sindrome de quê?


Consegui cochilar um pouco na sala e as 7 da manhã de sábado 28 de agosto, senti meu rosto “diferente” fui a um espelho e notei que alem do lado direito o lado esquerdo tambem paralisava Meu Deus! o que esta acontecendo! Acordei minha esposa e pedi  a ela que me levasse para o Hospital das Clinicas. Chegando pela primeira vez em minha vida nesse hospital, vi o quanto ele era grande pois jamais tinha me atentado para isso, apesar de passar constantemente diante dele. Ao chegar o segurança já me colocou em uma cadeira de rodas visto que a dor nas costas estava insuportável e eu já não andava.
Ao entrar no hall, cenário de guerra, gente em macas por todos os lados pessoas gemendo de um lado e de outro...
Mas o que é isso... Iraque, Haiti. O Haiti é aqui!
Nesse momento pensei sobre um plano de Saúde que não posso ter. Bem se foi isso que sobrou para mim... vamos encarar... não tenho outra alternativa.
Imediatamente dois médicos residentes (Larissa e Pedro) encostam em mim me perguntado o que acontece...
Expliquei tudo a eles que passaram a olhar com interesse e a maldita dor nas consta insistia...
Vieram mais dois médicos nem me lembro direito, e contei tudo novamente meus sintomas: o formigamento a paralisia a fraqueza... ok volto para o corredor agora em uma maca.
Minha esposa faz a minha ficha e não pode ficar comigo no Pronto Socorro e digo a ela para ir embora para casa pois ela nada poderia fazer ali e que eu seria cuidado pelos médicos e que qualquer coisa entraria em contato pelo meu celular. Mal me dei conta que o sinal de minha operadora não pegava la dentro do PS.
Tempo... muito difícil falar sobre isso quando você está no inferno, vendo dor e sofrimento por todos os lados... Discussões, gemidos, reclamações... Cenas dantescas. Ao meu lado um homem em uma cadeira de rodas só com metade do cérebro, de outro lado, um com um homem calombo na cabeça que pareciam duas cabeças, uma mulher senil que se recusava a ser atendida pelos enfermeiros gritando para os enfermeiros: “Queima Senhor, Queima Senhor!”
Mas, dentro desse cenário que para  quem vê pela primeira vez, se assusta, há uma ordem, há humanidade, há atendimento. Diante de tanta dor e sofrimento perdi a noção de tempo e espaço.
Resignei-me a esperar para o próximo capítulo dessa dantesca novela.
Dormia e acordava com dor e fraqueza, que era o que mais me incomodava. Quanto a face paralisada, sinceramente já nem ligava tanto.
Já de madrugada de sábado para domingo dia 29/08, sinto uma mão pegar em minha mão: A Silvana que por trabalhar no INCOR conseguiu entrar com o Luciano no PS. Foi como estar no meio do oceano atlântico e aparecer uma mão salvadora. Sei que ela não poderia fazer nada mas o gesto da mão em minha mão teve um significado imenso pois estava ali a horas e já era madrugada e não tinha como dar noticias a minha mulher, que assim que entrei para atendimento, pedi que fosse pra casa pois nada ela poderia ali fazer. Aguardava atendimento, e tinha muita gente para ser atendida. Pedi a ela que ligasse para ela e desse a ela noticias minhas. Pois ela estava preocupada. 
Injeção e mais injeção (tramal e até morfina) contra dor mas não passava.
Até que aparece uma medica muito jovem e agitada ,  pergunta dos meus sintomas. Novamente contei todo o histórico desde quando comecei a ficar ruim. Ela ouviu atentamente e me levou pra uma salinha apertadinha onde haviam vários jovens médicos.
Discutiram e pegam um martelinho de borracha e batem daqui e dali, olham um caderno e discutem e chegam a uma provável diagnostico a ser confirmado,  disseram que fariam mais alguns alguns testes  retirada de de liquido da espinha para a comprovação  e eu continuaria no corredor do PS aguardando uma vaga em um quarto do OS.
São heróis. 
Trabalhar e aprender nessas circunstancias, só para sobre-homens como esses “meninos”
Vou fazer a retirada do licor com o medico judeu.... Pensei xiiiii quando estávamos na salinha entre outros assuntos, discutimos a questão palestina e ele me perguntou o que eu fazia disse que trabalhava numa campanha eleitoral do candidato de esquerda: Pensei com os meus botões ele vai judiar... Não dá outra: espeta a primeira e nada. Muita dor. Espeta a segunda e... nada outra puta dor. A Fernanda assume. Uma só espetada e ela chega no ponto e retira o liquido... Penso: Danada essa moça! Agora é a espera do resultado do exame para constatar o diagnostico da doença: SINDROME DE GUILLAIN-BARRÉ
Segundo Dra. Fernanda Valério e o Dr Mateus Shimabokuro não havia duvida só faltava aguardar o resultado do liquor para os próximos passos, Segundo a Fernanda a doença em mim havia progredido rapidamente e eles acreditavam que eu deveria ir para uma UTI pois corria o risco de parada cardio-respiratória e lá estando, seria mais fácil a entubação para respiração mecânica se fosse o caso. Assustei-me e entrei em pânico! UTI! Parada respiratoria! Tô no bico do corvo com o pé na cova!
Fora do hospital amigos já sabendo de meu estado queriam entrar para me ver e levar noticias para os amigos do grupo de motos que eu andava.
O domingo passa e a loucura no PS também, vale registrar sobre o trabalho das enfermeiras que se desdobram e com carinho e atenção procuram atender a todos, Por diversas vezes solicitei a elas e todas as vezes fui atendido hora com água hora com uma injeção para dor.

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